REMISSÃO CRULS – Uma Trajetória para o Futuro

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O conhecimento da história

                         A minha primeira aproximação com a história da transferência da capital para o planalto central foi pela leitura do relatório Cruls, justamente por ocasião das comemorações do centenário da realização da Missão Cruls, em 1992 quando recebi das mãos do pesquisador Walter Mello uma cópia do Relatório Cruls. (foto do Relatório Cruls), editado pela Codeplan.

                        Fiquei muito impressionado com a dimensão do feito da Comissão Exploradora do Planalto Central. Fiquei mais impressionado ainda porque  não encontrava interlocutores para um assunto tão importante para a história e a cultura Brasileira. Era curioso conviver com tantas pessoas  em Brasília e elas não tinham informações sobre o assunto da Missão Cruls. 

                        Brasília era  o resultado mais conseqüente aquela ação política e cientifica, e constatar que as pessoas não tinham qualquer conhecimento sobre o fato. Mesmo na Universidade de Brasília, meu local de trabalho como professor da Faculdade de Comunicação, eu não encontrava interlocutores mas pelo menos encontrava pessoas capazes de se abismarem com o fato desconhecido no meio acadêmico. 

                       Durante algum tempo procurei na biblioteca da UnB, uma das boas bibliotecas do país, algum material sobre o assunto. Apenas o próprio relatório, sem uso,  novinho e possivelmente sem procura.

                       Dei-me a inquietação de pensar numa forma de  tornar o assunto mais conhecido e  logo fui levado pela lei do menor esforço. Pensei naquilo que para mim era obvio, realizar um filme, mas a idéia do filme não tinha força suficiente para me mobilizar. Não me emocionava como me emocionaram outros temas que serviram de tema para meus filmes já feitos. Eu não poderia esquecer a recomendação tantas vezes repetida para meus alunos na UnB: só partam para a realização quando sentirem paixão pelo que vão fazer. Assim me senti antes de fazer Chico da Silva, Boca de Forno, Brinquedo Popular do Nordeste, Em memória de Dona Maria I, de Sol a Sol, Tigipió – Uma História de Amor e Honra, O Sinal da Cruz, O Calor da Pele e todos os outros. Era preciso que o assunto não coubesse mais em mim. 

                      Na época eu dirigia programas de televisão da série Estação Ciência, que era transmitido em rede nacional. Propus o tema mas quem deveria tomar a decisão não demonstrou disposição  para acompanhar a história e a minha proposta  deu em nada. Foi neste momento, a caminho da UnB,  que pensei em refazer o trajeto da Comissão Cruls e divulgar aquele trabalho no próprio leito da história. Levar o fato às populações que conviviam com a poeira do tempo, com os resquícios ignorados da história. Talvez elas se emocionassem. 

As primeiras linhas do projeto.                   

                    O  projeto ganhou suas primeiras linhas dentro da minha sala na Universidade de Brasília. Minha ligação afetiva com a Universidade de Brasília é muito forte. Tenho grande orgulho de ter  sido professor desta instituição até minha aposentadoria. Sinto-me ligado  à UnB por meus momentos difíceis e também por momentos de muita satisfação. Dentre os reconhecimentos  que recebi pela minha atividade profissional os da UnB são sempre aqueles de lembranças mais emotivas e cheias de brio. Nunca lutei para ser chefe de alguma  unidade,  mas recebi com muita emoção minha indicação para ser membro do Conselho Universitário, com a UnB já democratizada.  (diploma do Conselho Universitário)

                     Alguns dias  depois da decisão tomada, quando se comemorava cem anos da apresentação do Relatório Cruls, eu estava com um projeto pronto:  Itinerário da Missão Cruls. Confesso que achava feio o nome do projeto.

                    A elaboração do projeto foi financiada pelo CNPq.  Consumiu  um orçamento modesto, apenas para gastos com digitação, telefone, duas passagens aéreas e despesas para a realização da viagem prévia que seria  feita de ônibus.

                   O nome do projeto surgiu  durante esta fase de formulação para o CNPq. Estimulado pelo Prof. Hélio Barros, do Ministério da Ciência e Tecnologia,   eu fui procurar o Prof. Ubirajara Alves, diretor do CNPq. Foi numa conversa com o Prof. Ubirajara,  que utilizei, sem muita premeditação o nome Missão Cruls – Uma Trajetória para o Futuro e eu mesmo me surpreendi com a explicação que dei: A Comissão Exploradora do Planalto Central foi buscar o futuro e o trouxe até nós, ela antecipou o futuro  e  anteviu o destino do Brasil… 

                  O projeto era  muito próximo ao que nos guiou durante a sua realização em 2003. Era um projeto bem detalhado e muito bem estruturado. No seu detalhamento havia um exaustivo trabalho de previsão das tarefas de cada dia,  apresentadas como um roteiro cotidiano, era a ordem do dia, com previsão de hora do café da manhã, abastecimento dos carros, saída para a estrada, tempo gasto para  cada trecho a ser percorrido, hora de chegada em cada cidade, hora da abertura da exposição, duração da palestra, etc. (foto de uma ordem do dia) e  uma viagem prévia que deveria ser realizada pelo coordenador de produção e pelo coordenador do projeto.  Esta  experiência foi trazida do set de filmagem, adquirida durante a realização dos meus filmes de longa metragem dos quais eu também me orgulho de planejá-los bem.  (página da uma ordem do dia).

                  Depois de o projeto ter sido aprovado pelo CNPq tratamos de realizar a viagem prévia o que  revelaria a real dimensão do projeto.  A viagem prévia tinha o objetivo de descobrir quais as instituições que se interessariam pelo projeto e ofereceriam seu espaço e seu público para abrigar o evento. Não era objetivo de a viagem prévia sondar o grau de conhecimento do tema ao longo do trajeto.  

                  Foi por ocasião da passagem por Araguarí, durante a primeira viagem prévia, que, não me recordo o procedimento, cheguei ao cemitério da cidade em busca da localização da sepultura de um ex-integrante da Comissão Exploradora do Planalto Central – Comissão Cruls – em 1892.  Lá estava assinalado na lápide da sepultura – Tenente Coronel XXXXXX foi integrante da Comissão Cruls.  A percepção que pude ter no inicio do meu interesse pelo tema continuava, quando eu indaguei a um senhor de idade avançada e tido como conhecedor da história da região, ele, incomodado disse: ninguém sabe e ele já morreu… a gente não tem nem a quem perguntar o que é essa tal de Missão Cruls, mas deve ter sido uma coisa importante, senão ele não tinha botado isso aí no seu túmulo. 

                      O percurso do projeto original era quase o mesmo: Rio de Janeiro, São José dos Campos, São Paulo, Campinas, Casa Branca  (eliminada em 2003),  São José do Rio Preto, Uberada, Uberlândia, Araguarí, Catalão, Pires do Rio, Cidade de Goiás, Pirenópolis, Luziânia, Formosa e Planaltina. Eliminamos a passagem pela cidade de Casa Branca do trajeto que realizamos e incluímos Goiânia, embora a cidade não existisse em 1892. Mas esta modificação nos garantiria mais público em uma região de grande importância para o nosso objetivo de divulgar o feito da Comissão Cruls. (trajeto de 1994 e trajeto 2003)

                     O projeto de 1994 previa apenas 2 carros e oito pessoas. A exposição fotográfica não acompanhava nossa expedição e o único material bibliográfico que levaríamos para distribuição era o próprio relatório Cruls. A equipe de especialistas era composta por um astrônomo, um geógrafo, um botânico, um historiador, um jornalista, um fotografo, um coordenador de produção e o coordenador do projeto. O período que havíamos escolhido  para a realização do trajeto naquela época era 17  a 31 de maio. A justificativa para o dia 17 era a data da criação da Comissão em 1892. (documento de Comissão de 1892).

 

A primeira tentativa

                      Durante mais de um ano trabalhei sozinho, com a ajuda de uma secretária, Denise Nakamizu,  e importantes colaborações de Cynara Amorim e Cintia Vargas.  Quando o projeto já estava no seu formato final cheguei a apresentá-lo à alguns amigos e profissionais de comunicação. Um deles foi Paulo José Cunha, que me ouviu muitas vezes e carinhosamente me ajudou a melhorar o texto de apresentação do projeto. O outro foi José Wilson Ibiapina, meu estimulador sempre presente, atenciosos e com sugestões construtivas e inteligentes, João Bosco Serra Gurgel, que me ouviu com muita atenção, piscou algumas vezes e apertou os lábios. Também Carlos Henrique Santos, o competente baiano/inglês, que do alto de sua elegância, teve a bondade de me acompanhar até a presidência de uma estatal. O Presidente estava com muito sono, e sonolento permaneceu… O assunto não lhe despertou nenhuma curiosidade. 

                      Eu saía das conversas com estes amigos com a sensação de que eles achavam que isso era uma doidice, por na estrada esta quantidade de pessoas já adultas…, mas por sua generosidade eles ficavam torcendo e pedindo a Deus que tudo desse certo. E rogaram tão intensamente que, poucos anos depois deu certíssimo, com uma quantidade de pessoas ainda maior e por mais tempo. Depois do projeto realizado falei com eles,  contei tudo sobre a viagem, sobre a desenvoltura da equipe e da receptividade das pessoas   e notei que eles estavam tão contentes quanto eu e alem disso, muito aliviados. 

                     Todas as vezes que eu ia apresentar o projeto a uma pessoa surgia  sempre uma dificuldade inicial, que persistiu ainda durante a retomada do projeto em 2003. Ao falar do projeto as pessoas entendiam, impreterivelmente, tratar-se  de um filme que eu pretendia fazer sobre a Missão Cruls. Calmamente eu falava da importância de se fazer um filme sobre o assunto, mas o objetivo do projeto não  tratava disso e era muito mais ambicioso, inovador, fascinante e perigoso. Era cansativo explicar o projeto para cada pessoa que pudesse se interessar por ele,  mas minha história profissional, como cineasta, dava o direito às  pessoas pressuporem que seria um filme. Quando entendiam a forma do projeto, de costume pediam assento na expedição e muitas achavam uma aventura fascinante e romântica…Houve até sugestão para que toda a equipe viajasse de trem até Uberaba e depois à cavalo, dormisse em tendas, tudo como em 1892…

                        Em 1994 mantivemos contatos com autoridades que supostamente se interessariam pelo projeto.   Das autoridades as quais eu apresentei o projeto apenas o Embaixador da Bélgica, Michel ….. foi o único interlocutor a fazer algum encaminhamento concreto: o projeto foi encaminhado para apreciação de algumas empresas belgas sediadas no Brasil. Tivemos várias reuniões e numa delas o embaixador me disse que referindo-se a mim, em um jantar na casa de amigos que me conheciam, ele falou de um professor do departamento de física da UnB, pois ele havia tirado esta conclusão pelo modo cartesiano de como eu explicava o projeto.  Posteriormente ele me contou esta história e me disse que ao explicar o projeto eu me comportava como um físico ou como um matemático,  pelo modo cartesiano e lógico de como eu explicava o projeto e jamais me imaginara um cineasta… 

                      Além do historiador Walter Melo, então diretor do Arquivo público do DF, uma espécie de consultor do projeto, eu contava também com o alentador entusiasmo do Embaixador Wladimir Murtinho.  Em um almoço na casa/museu do Embaixador Murtinho ele me falou da medalha comemorativa do Centenário da Missão Cruls e eu desejei em silêncio uma medalha destas… mas eram só trinta medalhas e haviam mais de trinta historiadores e pesquisadores em Brasília merecedores da justa homenagem ao homem que marcou o lugar …

                      O projeto foi apresentado formalmente, na presença do Embaixador da Bélgica,  Sr. Michel…. ao Governador Cristovam  Buarque, em seu gabinete,  na companhia da sua Secretária de Cultura Professora Maria Duarte e do jornalista Paulo José Cunha. O então Governador ouviu muito atentamente nossa exposição, entendeu nossa solicitação de apoio ao Banco de Brasília e outras instituições ligadas ao governo local. Embarquei para o Rio de Janeiro e São Paulo muito confiante no apoio do GDF. (foto com  Emb., M Duarte, Paulo José, Cristovam e eu no gabinete)

                     Mais tarde, sai secretário de Cultura e entra secretário de Cultura, lá vem Sylvio Tendler como Secretário, e nada do projeto andar. Sylvio me confidenciou, quando já não era mais secretário, que eu precisava entender que certos assuntos têm dono e talvez eu não fosse reconhecido como o dono desse assunto… rimos ironicamente. Ele também não concorda com isso.  Mas dono de assunto, tema, fato e história, só se forem o protagonista. Esta é uma atitude reacionária. A história tem que caminhar independente de quem se acredite dono dela. Basta ter quem a realize.  

                      Não conseguimos realizar o projeto naquela época,  embora eu tivesse mantido contato com o Museu de Astronomia – MAST, Governo do Distrito Federal, Empresa Brasileira de Correios e Telegrafo, Caixa Econômica e Banco do Brasil. Chegamos a fazer a viagem prévia como o fizemos para a realização do projeto em 2003. Eu distinguia muito claramente as fases de planejamento (projeto), implantação e realização. A fase de planejamento foi realizada  inteiramente, e posso afirmar que era mais detalhada  se comparada a versão  para 2003. O detalhamento do projeto inicial  serviu de base, com as devidas adequações  para a o desenvolvimento da fase de implantação e a fase de realização do projeto realizado em 2003.  A essa altura era um projeto que eu sabia de memória.   

                        É curioso como naquela época eu não conseguia ver a fisionomia da equipe embora eu soubesse quais as pessoas que estava na nossa lista para integrarem a equipe.

                       O projeto tinha esqueleto, mas não tinha feição. Talvez por esta razão eu não tenha me apaixonado tanto como aconteceu em 2003. Em 2003 dias antes do seu inicio eu era capaz de enxergar, como em uma cena preparada com movimento e luz, alguns momentos que depois vieram a ser realidade. Todas as informações sobre o desenho do projeto e seu funcionamento estavam no papel. O próprio projeto era capaz de responder a qualquer pergunta apresentada por uma pessoa interessada. 

                        Em 1994 o projeto não chegou a receber recurso dos possíveis interessados e sendo assim eu não poderia  comprometer os componentes da equipe como pude comprometê-los em 2003.  Sempre tivemos muito tato com o nível de comprometimento com os membros da equipe, com  os possíveis patrocinadores e colaboradores. 

                      O geógrafo e professor Nilton Santos, cujo nome me foi lembrado pelo seu conterrâneo jornalista Carlos Henrique Santos,  me ouviu muito atentamente, numa sala da Universidade Federal do Rio de Janeiro,  sobre o projeto e me disse que gostaria muito de participar desta experiência e  com sua voz  generosa e solene me advertiu: convide pessoas que sejam apaixonadas pelo assunto e que vejam nessa expedição um trabalho prazeroso, talvez pessoas maduras e que se surpreendam com a oportunidade de realizar um trabalho assim,  como você está me contando, não convencional. Eles podem se apaixonar pela oportunidade tardia e possível. 

                     Também o Professor Nilton Santos achava o projeto um desafio romântico. Demorei tanto que o destino não permitiu que  o professor Nilton Santos fosse conosco mas ele tornou-se o anjo da guarda do projeto. Sem me aperceber, como uma atitude natural,  a equipe que convidei se configurou tal qual ele  havia recomendado. Apaixonados, competentes, amáveis, afetuosos, dispostos a realização do trabalho e com vontade de viver a aventura da expedição.  

(foto Prof. Nilton Santos)

                  Alguns meses depois soube que um  professor de uma universidade do Rio de Janeiro estava anunciando que realizaria um projeto Cruls muito parecido com o nosso. Eu, que não estava conseguindo os meios,  fiquei desapontado e escrevi ao professor dizendo-lhe que soube de sua intenção e como o seu projeto era muito similar ao meu, até na abordagem, na estrutura e na justificativa, eu estava à disposição para enviar-lhe o projeto todo pronto. Nunca obtive qualquer resposta.  Talvez tenha sido a forma que eu encontrei de dizer-lhe, inconscientemente,  estou sabendo… 

                    A esperança não deixou a frustração tomar conta do projeto. Eu trabalhei sempre com um sentimento misto entre a promessa e a esperança.    Afinal guardei cuidadosamente o projeto com  a crença de que algum dia eu o realizaria. Tomei o cuidado de deixar afixado, bem no alto, numa parede do escritório uma plaqueta “Missão Cruls – Uma Trajetória para o Futuro”. (foto do escritório onde aparece a plaqueta).

A turma pé quente

                  Eu apenas havia decidido retomar o projeto para o tudo-ou-nada quando encontrei o Prof. Thimothy, vice reitor da UnB e contei-lhe a intenção do ano 2003 e ele logo entendeu que se tratava de uma expedição para divulgação. Prontamente ele me indicou o Prof. Cesar (perguntar ao Fabian o nome completo do prof.) da biologia para me ajudar na indicação de um botânico para compor a equipe.  

                     Para a retomada do projeto as palavras do professor Thimoty foram muito importantes. Em todas as minhas falas durante a implantação e execução do projeto falei sempre da UnB, como uma instituição co-autora do projeto. Mas o ponto decisivo foi encontrar pessoas capazes, entusiasmadas pelo assunto e movidas pela idéia de expedição. Descobri, para minha felicidade que estas pessoas se admiravam mutuamente e se davam bem. Neste ponto surge o elemento fundamental que garantiu a boa realização do projeto: a harmonia do grupo. Esta harmonia do grupo passou e significar para mim um valor a ser preservado e era o próprio patrimônio  do projeto. Todos queriam realizar a programação do dia e seguir para o dia seguinte. 

                   Foi deste encontro que surgiu o nome do Prof. Fabian Borghetti, botânico, que por sua vez lembrou o nome do Prof. José Roberto Pujol-Luz,  zoólogo. Devo muito aos dois professores que me ajudaram a manter o nível e entusiasmo do grupo durante o trajeto. Através do Walter Melo fiz o convite ao historiador Jarbas Silva Marques, grande entusiasta do assunto. Agora a equipe começava a ganhar fisionomia. Deixei para falar com o Professor Ronaldo Mourão quando tivesse mais certeza sobre a data da realização, pois ele já sabia da minha determinação e que com ele eu podia contar.   Fizemos uma reunião na sala do Vice-reitor da UnB, o Prof. Thimothy, lá estavam o Professor Fabian, o Professor Pujol, Elita, Coordenadora de Produção do Projeto, eu  e o Vice Reitor, Professor Thymoti.  Outras professores da UnB como o Prof. Pedro  Tauil (médico sanitarista) deveriam fazer parte da equipe mas não foi possível por compromissos anteriores. A equipe ainda estava incompleta. Eu não tinha indicação de um sanitarista, tentei convidar alguém da Fiocruz, mas não recebi nenhuma confirmação.    Também  um Geógrafo/Cartografo e faltava ainda a confirmação do Geólogo da Universidade de Uberlândia.  (foto jantar no Torre).

                A reescrita do projeto realizado ficou pronta no mês de maio. Em abril eu havia apresentado o projeto ao Fundo da Arte e da Cultura – FAC da Secretaria de Estado de Cultura do Governo do Distrito Federal. Em companhia do pesquisador Walter Melo, tive uma breve reunião com o Secretário Pedro Henrique Lopes Bório. Eu o tinha cumprimentado apenas uma vez no saguão do Cine Brasília. Foi muito gentil e pareceu-me um interlocutor  bem situado naquilo que dizia respeito a sua missão. 

                     Eu tinha diante de mim um projeto que as pessoas admiravam mas não havia dinheiro para implantá-lo. Da solicitação feita ao FAC foi aprovado pouco menos da metade da  quantia solicitada, representando dez por cento do orçamento do projeto. 

                 Ao assinar o contrato com o FAC eu corri o primeiro risco assumido: caso não realizasse o projeto eu deveria devolver a quantia recebida.  O recurso liberado pelo FAC foi muito importante para completar a equipe de implantação do projeto,  agregando   pessoas imprescindíveis a equipe. Até a chegada dos recursos do FAC o escritório tinha uma estrutura que não suportaria a evolução do projeto. Apenas eu e Ádila, como secretária, tocávamos o dia-a-dia.  Somente em agosto o projeto passou a contar com  a dedicação  de Elita Melo que assumiu a coordenação de produção  e com a colaboração de Patrícia de Queiroz Castro, pagas com os recursos do FAC, assim também como as enormes contas de telefone e muitos litros de gasolina para abastecer os 4 carros da equipe que rodavam em Brasília com freqüentes   idas à Luziânia,  Pirenópolis, Goiânia e Formosa.   

               A medida que o projeto ganhava aliados e possíveis parceiros tornava-se necessário fortalecer e realizar uma estrutura de financiamento e apoio. Encaminhamos o projeto ao GDF através do Secretário Hélio Doyle, durante uma visita que lhe fizemos, o historiador Walter Mello e eu. O secretário Hélio já conhecia o projeto bem como a nós dois e acredito que ele sabia que daríamos conta do recado e o tema era de interesse natural do Distrito Federal. Ouviu e não me deu nem um sinal. Pouco mais de um mês depois ele me ligou e disse que o projeto estava bem encaminhado mas não havia ainda  nenhuma decisão de data para a liberação dos recursos solicitados.  A partir daí nosso entendimento foi com a Drª Eliana Abuchaul Sub-secretária XXXXXXX. Inteligente, cortês e desenvolveu a mais desejada característica: ficou apaixonada pelo assunto e pelo projeto.  Fiquei à espera.

                      Apresentamos o projeto também a algumas empresas estatais que costumam aparecer como patrocinadoras de grandes projetos e nós acreditávamos que poderíamos receber também sua atenção… Nada, não éramos conhecidos e o tema muito menos… Confesso que os encontros com executivos de algumas empresas públicas, foram humilhantes. Mas eu é que ficava com pena deles pela falta de conhecimento de fatos importantes da história do Brasil, os quais merecem mais atenção dos recursos públicos  que ganham destino nas mão destas pessoas…Eu nunca me entusiasmei pela entrada de agencias de publicidade no projeto. Eles tornam-se donos do projeto,  ganham sem trabalhar os 20 por cento a que têm direito, elevam os custos e não trazem benefícios. 

                      O deputado Aldo Rebelo, do PCdoB, fez minha aproximação com o Centro de Documentação do Exército, por intermédio do Cel. Darthgnan, no Rio de Janeiro e do Cel. Soriano em Brasília.

                           Eu sempre achei que o Exercito Brasileiro nunca recebeu o lugar de destaque que merece na Comissão Cruls. Sua participação foi fundamental, realizando o trabalho de cartografia além do serviço de logística da Comissão.  Foi com este pensamento que solicitei  o apoio ao General Heleno, diretor do CECOMSEX para realizar a viagem prévia de 2003. Mais tarde realizamos  a viagem prévia hospedando-se em hotéis de transito do exercito.  Em junho o Presidente do Senado, Senador José Sarney atendeu  a um pedido de audiência solicitado pelo Prof. Ronaldo Rogério de Freitas Mourão e por mim, solicitação feita através do jornalista Armando Rollemberg, chefe da Comunicação Social do Senado Federal.  Fomos em companhia do historiador Walter Mello, criador do Arquivo Público do DF e entusiasta da idéia do projeto Missão Cruls – Uma Trajetória para o Futuro. (foto da audiência pres. Sarney) Nesta audiência solicitamos a reedição do Relatório Cruls, peça fundamental para o conjunto de títulos que seriam distribuídos às bibliotecas situadas ao longo do trajeto que cumpriríamos na realização do projeto. Levamos para a audiência uma carta  da atual diretora do Arquivo Público do DF, Professora Zeneida Pantoja juntamente com a resposta do Senador Lúcio Alcântara, autorizando a edição do relatório, datada de XXXXX.  Nesta edição o Presidente Sarney assina a Nota do Editor e fala explicitamente da importância do Exercito para a realização dos trabalhos da Comissão Cruls. As fotos da audiência…

                         Eu já havia decidido realizá-lo em novembro usando o pretexto de que o trabalho de definição do quadrilátero Cruls teria sido concluído naquele mês. Em verdade eu havia pensado em novembro para encontrar as escolas e universidades em pleno funcionamento,  não seria ainda  época de chuvas intensas e o clima é ameno nesta época e sobretudo para que eu me comprometesse com um cronograma de tempo.  Deliberadamente  eu passei a me comprometer com os outros para que eles me cobrassem. Era hora de me colocar na posição de risco total frente aos amigos e não amigos… mas tinha que dar certo desta vez. 

                         À medida que o tempo passava eu agregava mais  idéias ao projeto e ele ficava mais fascinante. A primeira dessas novas idéias agregadas foi a exposição de fotos, que teve o apoio do Arquivo Público do Distrito Federal e do Museu da Câmara dos Deputados. 

                        Foi com a idéia da exposição que o projeto ganhou mais um importante e dedicado membro da equipe: Luis Fernando Silva, chefe de gabinete da superintendente do Arquivo Público e grande conhecedor da exposição.  A segunda foi a coletânea de material bibliográfico para distribuição às bibliotecas e as atrações eram o Relatório Cruls, o livro Luiz Cruls – Notas Biográficas do Prof. Ronaldo Rogério Mourão, a coleção da exposição em tamanho A4. (Ao todo deixamos nas bibliotecas uma coletânea de 12 títulos.)  O  aumento de áreas do conhecimento a ser apresentadas por especialistas, ou seja o numero de especialistas que integrariam a equipe foi muito importante para o brilhantismo do projeto. Sem saber eu havia formado uma verdadeira constelação de professores e especialistas.  

A implantação da logística do Projeto 

                    Desde o inicio meu desejo era contar com o apoio da FIAT utilizando seus carros.    Logo no inicio do ano recebemos o aceno de uma montadora nos oferecendo um ônibus que transportaria comodamente toda a equipe além do material da exposição e as bagagens. A idéia atendia a necessidade de transportar o necessário, mas não correspondia a minha intenção de chamar a atenção das pessoas por onde passássemos e isso seria mais provável com um comboio de quatro ou cinco carros devidamente identificados com o nome do projeto e as marcas dos patrocinadores. Um comboio de carros com adesivos chamaria mais a atenção das pessoas ao invés de um ônibus.  Por intermédio do Secretário para o Desenvolvimento do DF Rogério Rosso,  tivemos acesso ao coordenador de comunicação da FIAT jornalista Marco Antônio Lage, como não havia resposta da empresa pedi ao presidente da Fundação Memória do Transporte, advogado José Roberto Nasser que desse referências minhas e do projeto ao pessoal da FIAT. Poucos dias depois recebemos a confirmação de participação e ainda nos cederiam  o carro para a viagem prévia. A estratégia do apoio dos dois funcionou. (Fotos e desenhos dos carros envelopados.)

                      A marcação do calendário para a execução do projeto foi muito amadurecida levando-se em conta alguns pormenores: a saída do Rio de Janeiro não poderia ser na segunda metade da semana. Não seria  recomendável chegar à São José dos Campos, à São Paulo e à Campinas muito próximo a um final de semana, com a pauta da mídia cultural ou de cidade já fechada. Além disso, teríamos que vencer o Alto Mar, que ia até Campinas, de modo a ter o repouso semanal em uma cidade pequena.  Outro fator a ser levado em conta era chegar a Pirenópolis as vésperas de um fim de semana, de modo a encontrar a cidade, cheia de gente e movimentada. Não poderíamos chegar a Brasília depois de quarta feira, optamos por chegar numa terça feira: Congresso cheio, ministérios funcionando e mídia aberta. 

Com o carro à disposição marcamos a viagem prévia para o dia 14 de agosto. 

                     O recurso do FAC estava no fim e nós não tínhamos confirmação de novos patrocínios. Os contatos com as universidades foram  marcados através do gabinete do Prof. Timothy, vice-reitor da UnB e os contatos com as prefeituras, a maioria no estado de Goiás foram feitos pelo escritório do projeto em Brasília.  Fui ao Rio, hospedei-me no Hotel Militar da Lagoa, facilidade acertada através do CECONCEX,    para contatos com o MAST e com a UFF. Para a equipe do MAST tive que esclarecer alguns pormenores do projeto o qual eles já haviam recebido. O diretor do MAST, Prof. Alfredo Tiomno Tolmasquin recebeu o projeto com muita satisfação e empenho. Da mesma reunião participou também o Prof. Ronaldo Rogério de Melo Mourão, pesquisador daquela instituição e integrante da equipe do nosso projeto. A esta altura o professor Mourão confidenciou-me sobre a decisão do seu médico de não autorizá-lo a realizar a viagem. Eu o ouvi e não esbocei nenhuma atitude mas estava disposto a conversar com o seu médico.  Ficou decidido que a abertura do projeto seria na sede do MAST.

                      O desconhecimento do assunto nos assustava, não por parte das pessoas do MAST. Uma das pessoas convidada a participar da reunião referiu-se por duas vezes ao Tom Cruls. Imediatamente as referencias foram colocadas no seu devido lugar – Luiz Cruls.  No dia seguinte o Prof. Miguel Freire me encaminhou para a reunião com o Vice-Reitor da UFF, Prof. Antonio José dos Santos  Peçanha. Fiz uma explanação sobre o projeto na presença de outras pessoas da Universidade. Nesta ocasião eu fiz  o convite ao Prof. Miguel para integrar  expedição encarregado de realizar a documentação em vídeo e foto. Ficou acertado que a após  a solenidade de abertura no MAST, nós traríamos a exposição para ser montada na UFF e faríamos a primeira palestra naquela Universidade.

                      A idéia da exposição e da palestra na UFF, no dia seguinte pela manhã solucionava meu receio de sair do Rio de Janeiro à noite, com um comboio que chamava a atenção e corria o risco de sofrer um assalto. Assim sairíamos por volta das 11.30 e chegaríamos à São José dos Campos no horário previsto. Foi neste momento que decidi procurar em Brasília a Policia Rodoviária Federal e pedir um discreto monitoramento somente para os deslocamentos no Rio de Janeiro.   

                    Subi a serra de Teresópolis e fiquei hospedado na casa do Prof. Miguel com a hospitalidade mineira da Márcia Marilia, de Sexta para Sábado. O prof. Miguel, meu antigo colaborador como diretor de fotografia dos meus filmes, mostrava entusiasmo pelo projeto, seguramente por educação, mas sentí que ele não acreditava que conseguíssemos realizá-lo.         

                       No dia seguinte, domingo Elita chegou ao Aeroporto Santos Dumont pronta para entrar no Dubló e percorrer  a Via Dutra com destino a São José dos Campos. Eu estava com muita dor no joelho da perna esquerada, resultado de uma queda que sofri na casa do Prof. Miguel. Cheguei a pensar que não teria condições de realizar a viagem. Quando chegamos, já à noite em Taubaté  para pernoite no Hotel Militar, eu não conseguia estirar a perna. Fui atendido por um médico do exercito, injeção e remédio. Já havíamos decido que todos os componentes da equipe viajariam com seguro de vida, mas com este pequeno acidente decidimos que haveria também seguro médico/hospitalar para todos.   No dia seguinte, estrada.  O carro é bom de estrada, ficamos satisfeito com a oferta da FIAT. Logo pela manhã cedo saímos para São José dos Campos, dispostos a aproveitar bem o dia. Procuramos a Fundação Cassiano Ricardo, pois tínhamos dois contatos na cidade, onde fomos bem recebidos pelo Dr.xxxx e de lá fomos encaminhados para o encontro com a Profa. Manfredini da UNIVAP, daí para adiante decidimos ouvir os nossos anfitriões sobre o local e o horário para a realização do evento. 

                    Quando o projeto foi formulado, nós pensamos em realizar todas as exposições e palestras à noite. Começamos a ver que eles, os anfitriões, sabiam melhor do que nós sobre o seu público e o horário. No âmbito do projeto apelidamos o trajeto do Rio de Janeiro até São José do Rio Preto de alto mar e daí em diante de maré mansa, numa alusão a possibilidade de ocorrer turbulências no primeiro trecho e podermos dominar as condições de navegação no segundo trecho. Tudo combinado em São José dos Campos saímos ao encontro do nosso motoboy que havíamos acertado de Brasília para nos guiar até ao campos  da Universidade de São Paulo.  Marcamos o encontro no shopping na entrada da cidade mas na hora de pegar o carro no estacionamento ele saiu com a moto pelo outro lado. Desencontro total. Pedimos carona a outro motoqueiro e  seguimos  em direção à Universidade de São Paulo onde fomos recebidos pelo Prof. XX vice-reitor em companhia do seu Diretor de Administração. Sentimos falta de alguém ligado à áreas de estudo ou ao setor de  divulgação. Pudemos avaliar mais tarde que eles não se sentiram parte do projeto. Talvez por não ter nenhum professor da USP na equipe.  Ficou acertado o espaço da Sala dos Conselhos dia XX às 13 horas. 

                           Nosso próximo destino era  Campinas. Um táxi nos orientou até a saída da cidade. Tivemos  a sensação que não se sai nunca de São Paulo.  O acerto com o pró-reitor de extensão foi muito amável e seguro. A sugestão de horário nos surpreendeu: 12 horas com a idéia de um lanche simultâneo. Pernoitamos em Campinas e no dia seguinte cumprimos a agenda de São José do Rio Preto e Uberaba. Acertamos o interesse em receber o projeto e ficaram pendentes alguns detalhes.

                          No hotel Metrópole de Uberaba, ao pedir a nota fiscal em nome do projeto o recepcionista prontamente me perguntou se estávamos fazendo  algum trabalho de evangelização. Expliquei-lhe um pouco da história e logo dois professores da Universidade Federal de Minas Gerais, que ouviam mineiramente a nossa conversa se interessaram pelo assunto.   

                          Em Uberlândia, numa reunião com o vice-reitor Prof. XX e o chefe do departamento de Geografia, Prof. XX ficou certo a participação da professora Regina Clélia Hadad, doutora em geologia. Minha decisão de manter na equipe uma pessoa da UFU foi um ato de fidelidade ao fato de , no passado a UFU ter sido um ponto de apoio importante para a realização da viagem prévia do projeto. A equipe ganhava cada vez mais feição. 

                          A esta altura do trajeto estávamos saindo de alto mar. Seguimos para Catalão e daqui por diante o contato seria com as prefeituras municipais. Em Catalão chegamos com o expediente da Prefeitura Municipal já encerrado. Fomos encontrar o chefe de gabinete do Prefeito sr. XXX, indicação do Dr. Mendonça Teles, diretor do Instituto Histórico de Goiás,  já na sua casa. Ele já tinha noticias do projeto. No dia seguinte , na reunião com o sr. Prefeito, XXX,  ficou tudo acertado sobre as necessidades para a realização do evento. Em Brasília receberíamos a confirmação. Havia no ar, uma certa dificuldade política em relação à secretaria de educação e  a secretaria de cultura.  Identificamos em Catalão as condições para atender a necessidade do repouso semanal da equipe quando da realização do trajeto em novembro, o Hotel De Ville.  

                        Elita e eu dialogávamos o tempo inteiro sobre a adequação do projeto às condições de realização e decidimos que nossa viagem prévia seria realizada em duas etapas. A primeira se encerraria em Pires do Rio. A outra etapa,  compreendendo Goiânia, Cidade de Goiás, Pirenópolis, Luziania e Formosa faríamos a partir de Brasília. O nosso encontro em Pires do Rio foi efusivo e a pessoa encarregada de atender ao projeto, diretor do Museu Ferroviário (?), era muito entusiasmado. Tudo certo.   De lá direto para Brasília.          

                    A viagem prévia nos confirmou a boa qualidade das estradas, a certeza do cumprimento dos horários de cada trecho da viagem, a segurança do trajeto a ser cumprido e o grande desconhecimento sobre a Comissão Exploradora do Planalto Central – A Missão Cruls.   Durante a viagem prévia  meu ânimo não era dos melhores e cheguei a falar, muito confidencialmente,  em adiamento para Maio de 2004. Fui desaconselhado e recebi uma proibição de falar neste assunto por parte da Elita.

A hora da pré-produção    

                     Os recursos do FAC já tinham praticamente acabado, e já era hora de confirmar a equipe, as peças de divulgação – out-door,  cartaz, folder, camisetas, bonés, envelopamento dos carros, banners, edição de livros e material de distribuição. Era compromisso interno do projeto garantir seguro de vida e seguro médico hospitalar para todos os membros da equipe, garantir  hotel condizente com o envolvimento de todos com o projeto e todas as refeições, café da manhã, almoço e janta.  

                    Tínhamos dois meses para fazer a parecer os patrocínios e comprometer decisivamente os apoios já confirmados  e os participantes da equipe. Nós seriamos responsáveis por 14 pessoas,  fora de suas casas durante 20 dias, na estrada, em hotéis e restaurantes. Tínhamos que mantê-las em segurança, bem dispostas, comprometidas com os objetivos do projeto, corteses, amáveis  com as outras pessoas do grupo,  alegres, sadias e contentes por estarem participando desta experiência.

                     Pensamos em alguns pequenos detalhes para demonstrar  a equipe o nosso empenho para o bem estar de cada um: todos os carros tinham cinco CDs de MPB, guardanapos no porta-luvas, papel higiênico em baixo dos bancos, jogos de baralho, de dominó, jogo da velha e todos os dias os carros eram abastecidos com chocolates e balinhas. O primeiro e o último carro tinham rádio comunicador.  Para mim, que esperei alguns anos para realizar este projeto, sabia que sem estas pessoas, eu não poderia fazê-lo. Era muita responsabilidade, fé e risco. Devo registrar que nenhum dos patrocinadores, ou apoiadores interferiu ou insinuou qualquer nome para integrar a equipe embora, amistosamente vária disseram que gostariam de participar da expedição. Sabiam do valor da experiência humana que seria viver todos os dias desta viagem. 

                     Já estávamos em Brasília há uma semana e tínhamos que completar a equipe de implantação e definir funções e atribuições pessoais.  Intensificamos os contatos com os possíveis patrocinadores e começamos a trabalhar na finalização  das peças que pudessem dar visibilidade ao projeto. Foi o que chamei de a grande cartada.  A boa nova consagrada chegou com a confirmação do patrocínio  do Governo do Distrito Federal. Ouvi do próprio Secretário de Articulação Institucional, Prof. Hélio Doyle: Pedro há alguns dias eu não poderia te garantir nada, mas hoje já posso te dizer que o Governo do Distrito Federal vai participar do projeto e que na próxima semana uma pessoa vai te procurar, o nome dela é Tiara,  para realizar a documentação do patrocínio, e aqui ao meu lado está a grande defensora do seu projeto s subsecretária de Articulação  Institucional  Eliana. Dito e feito. O que havíamos solicitado foi concedido, mas não era suficiente para a realização do projeto.  Já havia um estudo prévio feito pela agência DQV do out-door, do cartaz e do folder. Mas era necessário contar com um profissional desta área, que estivesse comprometido com o projeto, dentro do nosso escritório.   Por sugestão da Elita  este trabalho foi entregue ao João dos Santos Sousa, que finalizou o out-door, o cartaz, o folder, criou o banners, a camiseta, o boné e o envelopamento dos carros. Fez um conjunto de peças modernas com alma clássica… Criadas e feitos os lay-out de cada peça, deveríamos procurar o patrocinador maior para estudar a ordem de entrada das logo-marcas nas peças de divulgação. Foi a mesma Tiara,  subsecretária de publicidade e propaganda do GDF, que nos orientou.  O João, profissional aplicado foi convidado para nos acompanhar e juntamente com o Luis Fernando e seriam os responsáveis pela exposição. Os dois desenharam e acompanharam a fabricação dos quadros e dos 45 cavaletes utilizados para a exposição.    Este material começou a ser apresentado aos patrocinadores em fase de decisão. Esta foi a grande cartada.  Tomados de coragem decidimos botar o bloco na rua. Foram 25 out-doors belíssimos, com pinta de peça clássica,  que começou a chamar a atenção da cidade e a entrar na pauta dos comentários. Foi o que chamamos de a grande cartada do out-door. Enviamos por e-mails as peças para os nossos promitentes patrocinadores e todos começaram acreditar que o projeto era pra valer e o retorno foi muito bom. Era irreversível.  Enquanto nenhum dos patrocinadores interferiu na formação da equipe, começamos a sentir pressão de pessoas que pretendiam entrar na equipe.  Mesmo assim nós mantivemos reserva quanto ao inicio da divulgação pela imprensa.   

                 Tudo isso foi definido sem dar uma nota sequer à imprensa. Eu tinha receio de que alguma emissora de televisão ou um grande jornal se antecipasse e fizesse uma matéria de final de semana o que esgotaria nosso impacto. As emissoras de televisão de Brasília, fizeram entrevistas sobre o projeto apenas 3 dias antes do seu inicio e apenas dois dias antes de nossa ida para o Rio de Janeiro os out-doors  estavam na rua. 

                       Em uma de minhas freqüentes visitas ao gabinete do Deputado Inácio Arruda, líder do PcdoB na câmara dos deputados, ouvi do seu assessor Carlos Décimo que este projeto tinha que ser realizado com todas as condições e que ele, em nome do deputado Inácio iria comigo ao Ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral. Fomos a uma audiência com o Dr. Carlos Siqueira, chefe de gabinete o qual entendeu rapidamente a importância do projeto e o MCT, juntamente com a UNESCO deram sua contribuição ao projeto. O mesmo Carlos Décimo nos acompanhou também a uma bem sucedida audiência ao chefe de Gabinete do Ministério da Educação Prof. Marcelo Oliveira e ficou decidida a participação do MEC no projeto com o pagamento das diárias de todo o pessoal da equipe e o transporte de material da exposição – 45 cavaletes, 43 quadros, 3 banners, 3 tripés de alumínio, cartazes , folders e mais de dois mil quilos de material para bibliotecas que deveriam ser transportados para o Rio de Janeiro e, de lá para cá embarcados em nossos carros para serem utilizados durante o trajeto. 

A responsabilidade era cada vez maior. Começava a chegar ao escritório as peças com a cara do projeto:

2.000 cartazes.

5.000 folders, 

3 banners 

3.000 livros Luis Cruls – Notas biográficas, 

500 exemplares do Relatório Cruls, a 

2.000 exemplares de Brasília – capital da mudança, Brasília – 

200 exemplares Opção Democrática, 

28 envelopes com reprodução dos documentos de Luiz Cruls

28 envelopes com reprodução da exposição Uma Trajetória para o Futuro

150 exemplares de Brasília Kubitshek de Oliveira

85 exemplares Notas sobre a fauna brasileira, 

85 exemplares Estudos sobre o cerrado e o Relatório Cruls. 

                   Foi neste embalo da realização das peças que decidimos pela encomenda de 500 camisetas para o consumo da equipe durante o trajeto. Este numero se justificou porque não era possível lavá-las durante a viagem,  já que a cada dia estávamos em um local diferente. A previsão era que cada membro da equipe recebesse 32 camisetas para seu uso durante a viagem.  Descobrimos que as camisetas, alem de identificar os membros da equipe, reduziu o enxoval de cada um e apressava o check-out dos hotéis. 

                    Era mais de dois mil quilos de livros.  Havíamos fixado a idéia errada de enviar todo este material para o Rio de Janeiro. Era muito peso e volume para vir em nossos carros que já deveriam ficar lotados com a bagagem de cada um dos membros da equipe.  Isso me preocupava até que me valendo da experiência logística de um dos nossos colaboradores do projeto o Exercito Brasileiro, decidimos que o material de divulgação local e aquele para as bibliotecas, seriam divididos em três grandes volumes e enviados para três pontos médios do trajeto: Trecho 1 – Rio de Janeiro, Trecho 2 – Uberlândia e Trecho 3 – Goiânia. O trecho 1 receberia o material para atender  as cidades do Rio de Janeiro, São José dos Campos, São Paulo, Campinas Ribeirão Preto e Uberaba. O trecho 2 receberia o material para atender as cidades de Uberlândia, Araguari, Catalão, , Ipamerí, Pires do Rio e Silvânia. O trecho 3 receberia o material para atender as cidades de Goiânia, Cidade de Goiás, Pirenópolis, Corumbá, Luziânia e Formosa. 

                         Havia notícia confirmada de que o governador de um estado teria autorizado a participação que nós havíamos solicitado. Elita, após contato com uma funcionária do estado tomou o avião e foi para uma reunião da qual, após os entendimentos por telefone nós pareceu promissora. Lá a conversa foi sobre a impossibilidade de nos repassar os recursos e no final uma grande surpresa: poderemos participar caso nos possamos assumir o projeto….Queriam se apossar do nosso esforço e do nosso now-how desenvolvido para a realização do projeto. 

                    A peça bibliográfica mais importante para a apresentação do projeto e aquela que certamente mais interesse despertaria nas bibliotecas, o Relatório Cruls.  O Presidente Sarney já havia autorizado a edição de uma tiragem de dois mil exemplares, dos quais mil viriam para ser divididos entre o Arquivo Publico do DF e o Projeto Missão Cruls – Uma Trajetória para o Futuro. No dia 28 de outubro – uma semana antes da nossa partida para o Rio de Janeiro – recebi a noticia que a editora do Senado, encarregada da edição somente poderia nos entregar o Relatório em Janeiro de 2004. Foi um grande susto e novamente recorri ao Jornalista Armando Rollemberg, chefe da Comunicação do Senado  e com a gentileza do Dr. PedroXXX, do Dr. XXXX e da Dra. XXX recebemos os  exemplares dois dias antes do nosso embarque.  

              O nosso escritório, central do projeto abrigava mais gente do que de costume: Elita Melo – coordenadora de produção, Patrícia Silveira de Queiroz – produtora (identificação da equipe, passagens aéreas e hotelaria), Ádila Andrade – secretária (controle de expedição e recepção de informações),  Daniel Tel – Motorista  e ainda trabalhando fora do escritório estavam João de Sousa Costa – criação das peças de divulgação, Luiz Fernando Silva – montagem de exposição e Josy Santos – arquivamento das notas e anotações de despesas. 

A equipe estava pronta

        De acorde com o pensamento do Professor Nilton Santos, a equipe do projeto  estava bem disposta e ansiosa pelo inicio da viagem.  Os componentes da equipe tinham recebido informações que julgamos suficientes para que eles se sentissem seguros durante a viajem. Deliberadamente não passamos para eles muitos dados sobre hospitais à nossa disposição e números que pouco acrescentaria ao seu estado de espírito. 

Prof. Dr. Pedro Jorge de Castro – Coordenador do Projeto

Prof. Dr. Ronaldo Rogério de Freitas Mourão – Astrônomo

Prof. Dr. Fabian Borghetti – Botânico

Prof. Dr. José Roberto Pujol-Luz – Zoólogo

Prof. Drª Regina Haddad – Geóloga

Prof. MsC Gilberto Pessanha – Cartógrafo

Prof. MsC Roberto Dusi – Médico 

Prof. Esp. Miguel Freire – Comunicador

Prof. Esp. Jarbas Silva Marques – Historiador

Elita Mello Costa – Coordenadora de Produção 

Luiz Fernando C. Silva – Economista Exposição

João Sousa – Designer Gráfico Exposição 

Josy Pereira dos  Santos – Controle documentação

Luciana Vasconcelos – Jornalista

André Leão – Cinegrafista

Não fizeram o percurso

Patricia S. Queiroz – Documentação equipe e transporte

Àdila  A. Almeida – Secretária

Daniel Tel – Motorista.

Consultores

Walter de Albuquerque Melo

Antonio Marçal de Castro  

Nós sabíamos que era de grande importância para o sucesso do projeto uma boa divulgação, mas não podíamos privilegiar algum veículo de comunicação. Tomamos a decisão de convidar um jornalista da Radióbrás por ser uma empresa pública, oferecer um acento na expedição e assumir todas as suas despesas. Assim recebemos a indicação da jornalista Luciana Vasconcelos que nos acompanhou. Luciana fez um bom trabalho nos colocando na Voz do Brasil, no site da Agencia Brasil e na rede de emissoras de rádio da Rede Brasil com muitas entrevistas. 

                     Desde o inicio nós tínhamos muita vontade que o Correio Braziliense, cujo seu fundador, ainda em Londresjornalista Hypólito José da Costa que talvez tenha sido o primeiro porta-voz da idéia do mudancismo, nos acompanhasse,  mas como? 

                     Até que dois dias antes do nosso embarque para o Rio de Janeiro a jornalista Mônica Gil, da assessoria de imprensa do MCT, me disse que o Correio Braziliense estava disposto a enviar um jornalista e um fotógrafo para nos acompanhar. Ótimo, era tudo que esperávamos,  mas nós não tínhamos recursos para suas despesas, nem carro e acreditávamos que, embora a história justificasse,  iríamos ficar em uma situação delicada diante dos outros veículos de comunicação.  Encontraram a solução e devemos ao Correio Braziliense, e ao fotografo Wanderley Pozzebom e ao jornalista Renato Alves muito do sucesso de nossa empreitada. Só fomos nos encontrar já no Rio de Janeiro e fomos  logo tomados pela postura de amizade e solidariedade destes dois profissionais do Correio Braziliense.

               Ainda em Brasília a jornalista da Rede Globo Silvia Faria me propôs pautar o nosso projeto para o Globo Reporter. Uma equipe nos acompanharia do Rio de Janeiro até Brasília. A idéia nos parecia interessante. Voltaríamos a conversar sobre o assunto.   

 Tudo pronto – Vamos entrar em órbita. 

             Havia certa ansiedade pelo inicio da viagem e todos receberam muito bem a data e a hora do embarque para o Rio de Janeiro. O grupo de coordenação e apoio embarcou no dia 5 de novembro.  Nosso aparelho no Rio de Janeiro foi o Hotel Militar da Lagoa. Segurança e boas acomodações para todos os que não moravam no Rio de janeiro.  

                 O final de semana imediatamente ao embarque para o Rio de Janeiro foi muito tenso para a equipe de Brasília. Tudo teria que passar pelo ponto de cheque do nosso planejamento antes de deixar o aparelho central (nosso escritório em Brasília) onde ficariam somente Patrícia e Daniel. Confirmamos as passagens entregues a cada um (12 de Brasília, três do Rio de Janeiro e uma de Uberlândia). O grupo da coordenação e de apoio seguiu dia 5 de novembro – Pedro Jorge, Elita, João, Luis Fernando, Josy, Adila e André. Nossa primeira tarefa no Rio de Janeiro foi acompanhar, no mesmo  dia,  o envelopamento (colagem dos adesivos) dos carros na própria concessionária FIAT, o que só ficou pronto no dia seguinte e mesmo assim, por falta de documentação só conseguimos  levar os carros na sexta feira, dia 7, guiados  por um táxi, para o pátio do MAST. (A noite do Espantalho) Já  havíamos recebido noticias de que o  nosso   material tinha chegado e estava num container no campus do MAST.

                Quando chegamos com os carros fomos montar pela primeira vez a exposição. Por maior que tenha nos parecido o Salão de Exposições do MAST,  tivemos alguma dificuldade para encontrar a forma de arranjo. A exposição pareceu-me muito bonita e eu fiquei muito emocionado ao vê-la pela primeira vez.  No mesmo dia chegaram  Fabian,  Pujol e Jarbas. Aproveitando um recanto no pátio do hotel fizemos a divisão das camisetas. 32 camisetas para cada membro da equipe.  Com a maior parte da equipe já reunida no Hotel Militar da Lagoa, realizamos uma reunião para falar da rotina e de como seria nossa postura diante dos jornalistas. Recomendação de não dirigir o trabalho dos jornalistas, falar abertamente sobre o projeto, enfatizar que nosso objetivo é divulgara o feito da Missão Cruls e  não estamos fazendo pesquisa científica procurando estabelecer relação sobre a expedição de 1892 e hoje, e deveríamos estar muito atentos aos nosso horários para garantir  o cumprimento do calendário. Falamos das funções de cada membro da equipe de apoio, da segurança da cada um, do seguro de vida e seguro médico hospitalar, hospedagem e alimentação. 

             Uma informação eu fiz questão de omitir, para que os membros da equipe não imaginassem nenhuma situação de acidentes. Não enfatizamos que tínhamos conhecimento de que em cada cidade já sabíamos qual o hospital e qual o médico que poderiam nos atender em caso de necessidade. Não sei se por superstição ou por tática de não criar na mente de cada um as imagens de um eventual atendimento médico. 

                No dia 8 chegaram Luciana e Regina. Fui ao aeroporto apanhar a Professora  Regina, muito simpática e veio acompanhada de uma mala muito grande. Durante a viajem tudo que era grande dizíamos que cabia na mala da Regina. Rimos muito do tamanho da mala da Regina e que por sorte pode ser acomodada, até Uberlândia, no carro do Correio Braziliense. 

                    No  dia 9 recebemos a visita dos outros componentes que moram no Rio de Janeiro, Ronaldo Mourão, Miguel Freire e Gilberto Pessanha. Esta foi a primeira vez que pude ver a fisionomia da equipe.  Pareceu-me sem problemas e contentes, como havia previsto o Professor Nilton Santos, com a oportunidade de participar de um trabalho como este. No Sábado pela manhã, sentado em um  banco do jardim do hotel eu contava para Daniel, meu filho e ótimo indagador sobre como nascem  as idéias, sobre o origem do projeto e a composição da equipe e incomodava-me o fato de não ter conseguido um médico sanitarista para o grupo. Neste momento o Professor Pujol, zoólogo,  com a atenção que lhe caracteriza. As vezes eu penso que ele é dotado de um faro sofisticado, aprendido dos seus pacientes, me diz que tem um amigo, sanitarista, doutorando na UnB, a quem ele poderia convidar. Em poucas horas a notícia de que o Dr. Roberto Dusi estaria conosco e nos encontraríamos na terça feira pela manhã, durante a palestra na UFF. Agora sim!!! 

        (O Marcelo, filho do Prof.  Ronaldo Mourão já tinha me dito que ele iria. Eu deixei que ele me anunciasse a decisão e fiz a festa…) 

                  Segunda feira, dia 10 às 16 horas era nosso dia D e nossa hora H.  Teríamos a abertura no evento.  Pela manhã fomos dar o retoque final na exposição  e acomodar a bagagem nos carros. De inicio pareceu-nos não caber tudo lá dentro. Mas a destreza do João e do Luís Fernando encontrou espaço para tudo. Os quadros da exposição pareciam feitos para caberem no porta bagagem do Dubló, na Strada foi colocada, na ordem inversa do trajeto das cidades para as quais estavam programadas atividades, as caixas com o material para as bibliotecas. A exposição seria desmontada somente após a solenidade e acomodada também na Strada. Os cavaletes (43) não cabiam, no  cumprimento na carroceria da Strada. Foram embalados em 3 grossos sacos de plástico e ficavam parecendo 3 múmias. Voltamos todos para o hotel, almoçamos e preparamos a bagagem pessoal. Deveríamos deixar o hotel no dia seguinte pela manhã.  A maturidade e a segurança profissional de cada um me deixava tranqüilo. A única preocupação era a definição do professor Ronaldo Mourão que eu procurava mascarar de todo jeito. O filho do professor Ronaldo, o Marcelo me havia dito que ele iria conosco, mas eu deixei que fosse ele mesmo a me comunicar sua decisão.  Embarcamos em um micro ônibus da Policia Rodoviária Federal que nos levou até ao Mast.  

A abertura no MAST. 

                  A exposição montada adquiriu um  ar solene, que era acentuado  pela arquitetura do prédio. A exposição não coube no salão e ocupou, de um lado e do outro,   o corredor de acesso ao Salão Nobre do MAST.  A solenidade foi aberta pelo diretor do MAST, o Professor Dr. Alfredo Tiomno Tolmasquim, falei logo em seguida agradecendo a  instituição hospedeira, realizando o que havia sido idealizado há mais de dez anos. Falou também o Professor XXX, do Observatório Nacional. Havia muita gente interessada em ver a exposição inclusive um bisneto do Luiz Cruls,  Sr. Tadeu e uma bisneta Srª XXX do Professor Luiz Cruls. Pela manhã o Jornal do Brasil publicou uma boa matéria falando sobre nosso projeto mas eu senti falta de jornalistas no memento da abertura, como senti falta dos representantes do Ministério da Ciência e Tecnologia, do Governo do Distrito Federal, do Ministério da Educação e da UnB.  

                  Lá estavam os diretores de Comunicação Social da FIAT Automóveis, Jornalista Marco Antônio Lage e Luís Arthur. O Vice Reitor da UFF e muitos professores. Chegou, vestida de colegial a produtora do Globo Reporter Beatriz Sanson, descendente de Lauro Muller, grande político brasileiro mudancista da primeira hora. Um dos responsáveis pela inclusão dos artigos I, II e III na primeira constituição republicana que obriga a demarcação de um sítio no planalto central brasileiro onde seria construída a capital do país.   Pude sentir que teríamos um grupo harmonioso onde todos cuidavam de si e mantinham-se atentos aos outros. Vi os jornalistas já interessados em realizar uma boa cobertura. 

                   Wanderley, Renato e Luciana já me davam noticias dos espaços que tínhamos conseguido. Foi durante a abertura do projeto que o professor Ronaldo me confirmou sua ida. Foi a melhor noticia do dia. O professor Ronaldo precisava estar no Rio de Janeiro no dia 17 de novembro. Fizemos então um acerto: ele seguiria com a equipe até Uberlandia, participando de todas as atividades até lá, dia 14 de novembro. No dia 15 ele embarcou de volta para o Rio de Janeiro. Não participaria das apresentações de Catalão nem de Pires do Rio e nos encontraria em Goiânia, a tempo de participar da apresentação. É muito importante sentir o compromisso interior de cada membro da equipe, desta forma, quem comanda evita mandar. Um projeto como este teria sempre a forma do compromisso, da vontade e da possibilidade de cada um. O conjunto destes parâmetros é determinante, face ao planejamento, para a realização do projeto. Logo após o encerramento da solenidade, dois agentes da Policia Rodoviária Federal, Daniel e Mauricio, se apresentaram com a missão de nos acompanhar até a saída do Rio de Janeiro.  Eu sentia a sensação  de que a tarefa era maior do que nós, de que a empreitada era um andor de louça e nos deveríamos levá-lo, por caminhos desconhecidos, inteiro e bonito até ao fim da estrada.   

                          Terminada a solenidade de abertura, começamos a desmontar a exposição, acomodá-la no carro a ela destinado e embarcar o povo com destino ao campus da Universidade Federal Fluminense. O deslocamento até a Universidade Federal Fluminense foi a primeira prova da acomodação da equipe nos carros.  Nosso comboio chamava a atenção das pessoas e muitos carros passavam e faziam sinal com um leve toque de buzina. Até que na saída da ponte Rio Niterói uma pessoa parou seu carro junto ao meu, enquanto esperávamos pelo pagamento do pedágio e me disse que estava nos ouvindo naquele exato momento na Voz do Brasil

                  Na entrada do Campus da UFF já havia indicação de que poderíamos arrumar os carros sobre o gramado do jardim central, em frente ao prédio da reitoria.  Logo montamos novamente a exposição e, embarcados no micro-onibus da Policia Rodoviária Federal, voltamos para a última noite no hotel. O jantar foi tranqüilo mas havia uma certa tensão dourada no ar. Um misto de alegria pelo inicio do que cada um esperava e receio do desconhecido. Desconhecido referindo ao desenrolar do dia-a-dia na estrada, nos hotéis e nos restaurantes. A saída do hotel foi tranqüila. Mesmo com o tempo curto chegamos ao Campus da UFF na hora prevista. Aproveitamos o tempo bom no jardim da reitoria e fizemos algumas fotos. Na qualidade de supersticioso, somente para os bons agouros, comecei a pressenti-los quando vi chegar Nelson Pereira dos Santos (cineasta), fraterno amigo de sorriso generoso e logo soltou a frase esperada: dá muita vontade de ir também… Num tem um lugarzinho aí não???.  

                      O reitor veio nos receber e nos conduziu para o auditório onde estava reunido o Conselho da UFF. Pediu-me que apresentasse o projeto Missão Cruls – Uma Trajetória para o Futuro, que começava a se realizar ali e em seguida foi visitar, em nossa companhia a nossa exposição.  

                       Estávamos todos salivando para dar a largada. Nesta hora de muita alegria e compenetração chega o nosso último homem  da equipe, o médico sanitarista Dr. Roberto Dusi. Vem no mesmo vento que trouxe a equipe do Globo Repórter chefiada pelo repórter Marcelo Canelas. 

                      Elita, que durante os últimos meses acompanhou minha disposição e me viu viver as emoções da preparação, provocou mais uma. Já estávamos todos embarcados, percorridos os primeiros cem metros, já no meio do transito de Niterói, dispara seu sotaque mineiríssimo, no primeiro uso do rádio de intercomunicação: Pedjorge… foi assim que você sonhou??? Pois lá vamos nós… Eu me atrevi a responder: Vamos que eu já acordei… e agora é de verdade!!!  

                   Logo na passagem da ponte Rio Niterói o nosso comboio era registrado pela lente certeira de Lúcio Alves, cinegrafista do Globo Reporter que, com sua grua a feijão, fazia planos voadores. 

                   Nosso destino era São José dos Campos e eu estava emocionado pois a Universidade do Vale do Paraíba, UNIVAP é descendente de Fundação Valeparaibana de Ensino, instituição com a qual eu havia colaborado na década de 70. 

                  A chegada à UNIVAP foi no horário previsto e como havíamos decidido na reunião do Rio de Janeiro, a primeira tarefa era a montagem da exposição. A recepção oferecida a nossa equipe, café, pão de queijo, sucos e  bolinhos se repetiria em muitas outras instituições. 

                  Foi durante a apresentação em São José dos Campos que anunciei a ordem das falas de cada um dos componentes da mesa. Errei quando dei a seguinte ordem: Ronaldo Mourão –  afigura de Luiz Cruls, Jarbas Marques – a historia da mudança, Regina Haddad –  a geologia no trajeto de Cruls, Gilberto Pessanha – o trabalho de  cartografia na missão Cruls, Fabian Borghetti – o estudo do cerrado na Missão Cruls, José Roberto Pujol – notícias sobre a fauna no trajeto de Cruls. Senti que o assunto agradava, mas não envolvia emocionalmente o público. Parecia que a história que estávamos contando não lhes tocava. 

                 Foi muito curioso ver que as pessoas, quando sentadas na posição de platéia comportavam-se com distanciamento e quando terminava a apresentação e descíamos para o meio dele, elas tronavam-se amáveis, calorosas e faziam muitas perguntas e se as tivesse feito durante a nossa apresentação, o encontro teria sido muito mais interessante.     

         A ordem de apresentação que anunciei não daria certo para as próximas apresentações pois a apresentação do Jarbas era muito longa e prejudicaria as demais apresentações. 

        Eu acreditava e confirmou-se posteriormente que se as apresentações fossem curtas estávamos praticando a corolário de manter a platéia entre a promessa e a esperança.  Quando as apresentações individuais são curtas, se aquela não agradou há sempre a esperança de satisfação na apresentação seguinte. Decidi então que a ordem seria a mesma com o deslocamento da apresentação do Jarbas para o fim. Justificava-se ainda pelo fechamento com o enredo, ou seja, com a história que percorremos no rumo da mudança da capital.  O  tom coloquial, detalhista e provocador do Jarbas, tornava-se emocional sendo bom para o fechamento da apresentação.  Todas as demais apresentações seguiram esta ordem   e agradou. 

                  A apresentação de São José dos Campos foi muito cansativa pois havíamos feito uma viagem de cinco horas enfrentando uma estrada congestionada.  Mas fomos recompensados pelo primeiro congraçamento da equipe durante o jantar. Tivemos problemas com o hotel que não honrou a confirmação de reserva e eu tive que contornar a insatisfação de um membro da equipe.

                 Nossa entrada em São Paulo, com destino a USP, foi patrocinada por um carro da Policia Rodoviária de São Paulo navegando pela rodovia Presidente Dutra à uma velocidade de 140 quilômetros por hora quase nos deixando para trás.   Cumprindo nosso manual de normas e rotinas fomos diretamente para o local onde seria montada a exposição. Um belo salão. O solene auditório dos conselhos,  com 140 lugares, tradução simultânea estava à nossa disposição. O Jornal da USP abriu com a manchete Missão Cruls – Uma Trajetória para o Futuro. Exposição montada no hall de entrada. Fomos todos ao almoço em um dos bandeijinhas da USP. Entrevistas para a TV USP e para a Rádio USP.  

                Tudo pronto e nós ficamos à espera dos anfitriões. O coordenador da comunicação da universidade nos explicava do seu trabalho junto aos meios de comunicação em funcionamento no campus, mas sem resultado. Apenas uma professora do Departamento de Geografia da USP esperava por companhia. Quando de  (atitudes do Pujol e do Mourão).

Relatar Campinas Unicamp, Jantar, piscina, sorteio etc. 

             São josé do Rio Preto.

             Uberaba etc.

Até a chegada à Brasília. 

O espanto do pessoal quando falei da Pré História de Brasília 10 mil alunos.

Outro espanto foi os 45 anos.. 

A fisionomia do grupo no Rio de Janeiro – Reunião. 

Falta um (Roberto Dusi)

A noite do espantalho (telefonemas) 

A decisão de Rogério Mourão – vai e volta. 

Pede a policia (um discreto monitoramento) 

A maquiagem dos carros e o primeiro comboio

Chegou o Correio Braziliense

É hoje o dia…

No micro onibus da policia rodoviária federal. 

A distribuição da bagagem nos carros

Radinhos 

CDs, dominó, baralho, dama e jogo da velha

Balinha, guardanapos e papel higiênico nos carros. 

A montagem da exposição – muita gente que bonito que é.  Nós fazemos para nos mesmo. 

Vamos ao hotel. 

A solenidade. 

A emoção do dia seguinte na UFF. O comboio na Rua – Fala da Elita. 

Filmes

Coleção composta por 22 curtas e longas metragens

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Momentos capturados nos sets de filmagem e eventos

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